Governação e Liderança de Sistemas de Saúde

Antecedentes:
Os sistemas de saúde estão atualmente sujeitos a uma enorme pressão, tanto à escala local como global – demografia e doenças crónicas, baixos níveis económicos e baixos padrões de cuidados, desigualdade no acesso, variação e erros excessivos, desperdício e crises inesperadas como o clima, as pandemias e as guerras – tudo isto contribui para uma complexidade incomparável. Ao mesmo tempo, as exigências de inovação, de qualidade e de consumo a preços controlados são colocadas tão alto como nunca antes. Além disso, as mudanças são rápidas e as respostas terão de ser antecipadas para serem rápidas e resistentes. Este cenário não mudará; por conseguinte, as respostas devem ser encontradas através de políticas sociais e de saúde bem pensadas, combinadas com uma gestão e governação profissionais. Tudo isto exige uma liderança imaculada.
Nesta sessão:
Abordaremos o papel das estratégias de governação em conjunto com a liderança para garantir o desempenho e a sustentabilidade do sistema de saúde. Tradicionalmente, costumamos definir perfis de liderança, mas agora, perante a mudança permanente e os apelos a acções rápidas, tendo em vista o futuro, devemos antes centrar-nos nos papéis e competências de liderança em torno de quatro tópicos-chave:
1. Inovação e adaptabilidade
Dado que a complexidade dos cuidados de saúde está a acelerar, os líderes devem compreender e ter oportunidades de demonstrar inovação num ambiente dinâmico, variável e exigente. A inovação, a adaptabilidade e a flexibilidade são ferramentas fundamentais para fazer face a mudanças rápidas e para combater a inércia e as mudanças de transformação nos sistemas de saúde.
2. Colaboração e comunicação
Os líderes têm de reforçar a comunicação e a colaboração a vários níveis: ambiental, de equipa e organizacional, para permitir uma prestação de cuidados de saúde mais eficiente e de melhor qualidade. Devem fomentar uma cultura de colaboração, abertura e responsabilidade nos sistemas de saúde, promovendo ao mesmo tempo a humanidade, a proximidade e a humildade.
3. Auto-desenvolvimento e consciencialização
O desenvolvimento da liderança pessoal deve ir além dos requisitos curriculares formais, incorporando contributos de aprendizagem quotidiana e alinhando-se com a autorregulação, a autodisciplina, a definição de limites e a gestão de perturbações, em especial na era digital. Para tal, é necessária uma situação permanente e uma consciência de si próprio.
4. Orientação para o consumidor e para a comunidade
Tradicionalmente, os líderes têm-se centrado na sua organização, mas, cada vez mais, os consumidores de cuidados de saúde e o público estão a envolver-se nos cuidados, especialmente durante as crises sanitárias. Por conseguinte, os líderes têm de desenvolver papéis e competências para o envolvimento e a defesa dos consumidores.

Coordenação:
José Fragata

Scroll to Top
×